Apesar de Charcot ser um vértice importante da história, a trama na verdade gira em torno da Augustine do título. Aos 19 anos, trabalhando para a elite francesa, ela tem uma crise impressionante na qual começa a se debater sem ter controle algum sobre o próprio corpo. Levada ao hospital, ela acaba internada e encaminhada para ser tratada por Charcot. Começa então a rotina de testes e experiências, na qual o médico tenta descobrir o que a paciente tem para não apenas curá-la, mas também provar suas próprias teorias médicas sobre a doença que a acomete.
Apesar de todo o processo da investigação médica ser bastante interessante, especialmente em contraponto às técnicas utilizadas atualmente, cabe à relação nascente entre Charcot e Augustine o grande mérito do filme. Ele, sempre sisudo e muitas vezes antipático, acaba sendo a única esperança para Augustine em um mundo de angústia e sofrimento, enquanto que ela pode ser a porta de entrada dele para o tão almejado reconhecimento no meio científico. Outra abordagem interessante trazida pelo filme é o modo como as mulheres do hospital são tratadas pelos médicos, como “espécimes”. Retrato do meio científico da época que mostra ainda a inexistência do lado humano, sem falar na própria condição social da mulher naquele período.
Como um todo, Augustine é um bom filme que tem como maior destaque a bela caracterização de época trazida pela diretora Alice Winocour e as convincentes atuações dos protagonistas Soko e Vincent Lindon, cada um expressando bem as nuances de seu personagem a cada momento da história. Pela relação entre médico e paciente, e as armadilhas que ela pode trazer, o filme lembra um pouco Um Método Perigoso, dirigido por David Cronenberg e lançado em 2011.
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