sábado, 10 de agosto de 2013

Naked As We Came

Naked As We Came faz parte dos melodramas que acreditam que o ser humano só é profundo e interessante quando sofre. Esta história traz câncer, morte, maus tratos na infância, paternidade negada, problemas entre irmãos, divórcio, frustração no trabalho, talentos artísticos reprimidos, segredos, mentiras e todos os tipos de rancores. O roteiro coloca quatro personagens sofridos dentro da mesma casa e observa o inevitável confronto entre eles.

Os personagens em questão são a mãe, dois filhos e o ajudante dela, que mora na mesma casa. Todos são definidos nos diálogos por seus problemas: a mãe (Lué McWilliams) é tirânica e pouco amorosa, a filha Laura (Karmine Alers) é intolerante e implicante, o filho Elliot (Ryan Vigilant) nunca consegue levar os planos adiante, e o ajudante Ted (Benjamin Weaver) tem traumas com o ex-namorado. Eles se unem pela primeira vez por um motivo nobre (a mãe está morrendo), e a história faz malabarismos para que todos os conflitos aconteçam em poucos dias: o filho Elliot e Ted transam, a mãe pede desculpas aos filhos, Laura pensa se deveria voltar com seu marido, e todos brigam, se reconciliam, brigam mais e se reconciliam mais um pouco.

O ritmo intenso e condensado de Naked As We Came mostra a intenção do diretor Richard LeMay em fazer não apenas uma trama comum, e sim uma grande história ampla, universal, com direito a todos os valores familiares cristãos. Se não fosse pela aceitação bastante natural da homossexualidade – é a própria mãe, veja só, que empurra o filho para a cama de Ted – este filme passaria por uma fábula religiosa de amor ao próximo.

Mesmo assim, a produção é competente, com uma direção de arte simples e eficaz, além de planos que exploram com inteligência a geografia da casa. Os atores não parecem ter longa experiência no cinema, mas felizmente preferem as atuações contidas ao invés dos gestos exagerados – algo que poderia transformar o tom catártico do filme em uma paródia involuntária.

Saindo da exibição de Naked As We Came no Rio Festival Gay de Cinema 2013, a maioria dos espectadores parecia comovida e satisfeita com a sessão. Alguns comentários ouvidos fora da sala indicam que este drama conseguiu representar um escapismo eficaz, uma boa recompensa emocional. “Chorei muito. Gosto de filmes assim”, disse um espectador. Com um teor operístico envolvido em embalagem popular, acessível e gay, o filme oferece, para quem quiser, um curso intensivo de valores morais.http://www.adorocinema.com/filmes/filme-221670/criticas-adorocinema/

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